O que está acontecendo com a Boeing?
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Na manhã de 5 de janeiro, um grave incidente ocorreu com um Boeing 737 MAX 9 operado pela Alaska Airlines. Pouco após a decolagem do Aeroporto Internacional de Portland, Oregon, uma parte significativa da fuselagem da aeronave, especificamente um plug de porta, se desprendeu em pleno voo, forçando a aeronave a realizar um pouso de emergência. Este evento é o mais recente de uma série de incidentes e acidentes que têm assolado a frota dos modelos MAX, lançando novas dúvidas sobre as práticas de segurança e gestão da fabricante de aeronaves.
A Boeing, fundada em 1916 por William Boeing, cresceu de uma pequena empresa que produzia hidroaviões de madeira para se tornar um dos maiores fabricantes de aeronaves comerciais, de defesa e espaciais do mundo. Com um legado de inovação e liderança no setor aeronáutico, a Boeing desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da aviação comercial moderna. No entanto, os últimos anos têm sido tumultuados para a empresa, especialmente após a introdução dos modelos MAX em sua frota.
Os modelos MAX da Boeing foram projetados para ser a resposta da empresa às crescentes demandas por eficiência de combustível e desempenho operacional. No entanto, dois acidentes catastróficos envolvendo o 737 MAX 8, o voo 610 da Lion Air em outubro de 2018 e o voo 302 da Ethiopian Airlines em março de 2019, resultaram na perda de 346 vidas e levaram ao aterramento global da frota MAX por mais de 20 meses. Esses acidentes trouxeram à tona questões críticas sobre a segurança da aeronave, a integridade dos processos de certificação e, principalmente, sobre as mudanças nas práticas de cultura e gestão dentro da Boeing.
Este artigo busca investigar a relação entre as mudanças na gestão da Boeing e o aumento no número de acidentes e incidentes envolvendo suas aeronaves, com foco particular nos modelos MAX. Através da análise de dados sobre acidentes e incidentes, revisões de relatórios de investigação, e considerando o contexto das mudanças de gestão que coincidiram com a entrada dos modelos MAX na frota, pretendemos desvendar como esses elementos interagem e quais lições podem ser aprendidas para garantir a segurança no setor aeronáutico no futuro. Nossa investigação se baseará em fontes de pesquisa confiáveis, incluindo dados de órgãos governamentais, artigos acadêmicos, pesquisas e documentários como o "Downfall" da Netflix, que explora em profundidade os desafios enfrentados pela Boeing e as implicações de suas decisões estratégicas.
Breve histórico da gestão da Boeing
A trajetória da Boeing, desde sua fundação em 1916 por William Boeing, é marcada por uma série de transformações gerenciais que refletem tanto os desafios quanto as evoluções do setor aeronáutico. Ao longo dos anos, a Boeing consolidou-se como líder no mercado de aviação, graças à sua capacidade de inovar e adaptar-se às mudanças do mercado e às exigências tecnológicas. No entanto, a gestão da empresa, particularmente nas últimas décadas, tem enfrentado críticas crescentes, especialmente no que diz respeito à segurança dos seus modelos.
Historicamente, a Boeing caracterizou-se por uma abordagem de gestão que enfatizava a inovação técnica e a qualidade de engenharia. Durante grande parte do século XX, a empresa orgulhava-se de sua capacidade de desenvolver aeronaves que definiam padrões de segurança e eficiência. No entanto, a partir dos anos 90, com a fusão com a McDonnell Douglas em 1997, a cultura corporativa começou a mudar. A fusão marcou um ponto de inflexão, trazendo uma nova ênfase na rentabilidade e na redução de custos, muitas vezes à custa do foco tradicional da empresa na inovação e na qualidade.
A mudança mais significativa e controversa na gestão da Boeing ocorreu nas décadas de 2000 e 2010, culminando com o desenvolvimento e o lançamento dos modelos 737 MAX. Este período foi marcado por uma pressão crescente para competir com a Airbus e com outros grandes fabricantes que começaram a se destacar ao redor do mundo, levando a decisões que priorizavam a eficiência operacional e a redução de custos. A estratégia incluiu a redução do tempo de desenvolvimento de novas aeronaves e a minimização das alterações no design para garantir a aprovação regulatória mais rapidamente.
Sob esta nova gestão, a Boeing adotou várias políticas e abordagens que impactaram diretamente o design, a produção e a certificação de suas aeronaves, sendo algumas delas:
Externalização e globalização: Aumento significativo na externalização de componentes e sistemas para parceiros globais, visando reduzir custos. Isso levou a desafios de qualidade e integração, como evidenciado nos problemas enfrentados pelos modelos MAX.
Pressão sobre fornecedores: Implementação de políticas rigorosas para redução de preços, visando melhorar a margem de lucro, o que, por vezes, comprometeu a qualidade e a confiabilidade dos componentes.
Redução do tempo de desenvolvimento: Para competir mais efetivamente com a Airbus, a Boeing acelerou o desenvolvimento de novas aeronaves, como os modelos MAX, o que limitou o tempo disponível para testes extensivos e ajustes de design.
Enfoque em certificação regulatória eficiente: A gestão adotou estratégias para garantir a rápida aprovação regulatória de novas aeronaves, o que incluiu o uso de análises de segurança questionáveis e uma forte influência sobre o processo de certificação junto aos reguladores.
Essas mudanças refletem uma transformação profunda na cultura corporativa da Boeing, da ênfase na engenharia e na inovação para um foco maior na eficiência operacional e financeira. Na próxima seção exploraremos como essas mudanças impactaram diretamente os modelos MAX e sua segurança operacional.
Os modelos MAX
Os modelos Boeing 737 MAX representam a quarta geração da família 737, uma das linhas de aeronaves comerciais de corredor único mais vendidas e amplamente utilizadas no mundo. Lançado como resposta direta à demanda do mercado por aviões mais eficientes em termos de combustível, o 737 MAX foi projetado para competir com o Airbus A320neo. Entre suas principais inovações, destacam-se os motores LEAP-1B, maiores e mais eficientes, desenvolvidos pela CFM International, que prometiam uma redução de até 15% no consumo de combustível em comparação com os modelos anteriores da série 737NG.
Além da eficiência de consumo, o 737 MAX introduziu melhorias aerodinâmicas, incluindo winglets redesenhados e ajustes no design da fuselagem, visando otimizar o desempenho e a economia operacional. A Boeing também implementou atualizações no cockpit, com sistemas avançados de navegação e displays mais modernos, buscando melhorar a experiência de voo e a segurança operacional.
No entanto, apesar dessas inovações, os modelos MAX logo se viram envoltos em controvérsias devido a sérios problemas técnicos e de segurança. O mais crítico entre esses problemas foi o sistema de aumento de características de manobra (MCAS, Maneuvering Characteristics Augmentation System). Desenvolvido para compensar as mudanças aerodinâmicas devido aos motores maiores e mais pesados montados mais à frente na asa, o MCAS tinha a função de inclinar automaticamente o nariz do avião para baixo em certas condições de voo para evitar um estol. No entanto, esse sistema dependia de dados de um único sensor de ângulo de ataque (AoA), o que se revelou uma falha de design fatal.
Recapitulação de acidentes
Lion Air Flight 610: Em 29 de outubro de 2018, um 737 MAX 8 operado pela Lion Air caiu no Mar de Java apenas 13 minutos após a decolagem de Jacarta, Indonésia, matando todas as 189 pessoas a bordo. A investigação revelou que o MCAS foi ativado repetidamente devido a dados incorretos do sensor de ângulo de ataque, forçando o nariz do avião para baixo.
Ethiopian Airlines Flight 302: Em 10 de março de 2019, outro 737 MAX 8, desta vez operado pela Ethiopian Airlines, caiu perto de Addis Abeba, Etiópia, poucos minutos após a decolagem, resultando na morte de todas as 157 pessoas a bordo. Assim como no caso do voo da Lion Air, o MCAS foi identificado como um fator contribuinte, ativado por dados errôneos do sensor de ângulo de ataque.
Estes acidentes catastróficos levaram ao aterramento global da frota de 737 MAX em março de 2019, desencadeando uma crise sem precedentes para a Boeing. A revelação de que a Boeing havia minimizado a importância do MCAS e falhado em comunicar adequadamente sua existência e funcionamento às companhias aéreas e pilotos exacerbou a crise, levantando sérias suspeitas sobre as práticas de segurança e transparência da empresa.
A análise subsequente desses eventos revelou uma complexa interação de falhas técnicas, lacunas na supervisão regulatória e decisões questionáveis de gestão, que juntas contribuíram para os acidentes. Na próxima seção iremos explorar, em detalhes, os dados e as estatísticas relacionadas aos acidentes e incidentes envolvendo os modelos MAX, buscando compreender o impacto das mudanças na gestão da Boeing nesses eventos.
Análise de dados sobre acidentes e incidentes
Para entender o impacto das mudanças na gestão da Boeing sobre a segurança dos seus aviões, especialmente os modelos MAX, é essencial analisar os dados de acidentes e incidentes ocorridos antes e após essas mudanças. Esta seção compara os dados disponíveis sobre acidentes e incidentes envolvendo aeronaves Boeing antes da introdução do 737 MAX e após sua entrada em serviço, utilizando como fonte bancos de dados de segurança de voo, relatórios do governo e estudos acadêmicos.
Comparação de dados de acidentes e incidentes antes e depois das mudanças na gestão da Boeing
A introdução do 737 MAX representa um período marcante para a Boeing, não apenas pelas inovações tecnológicas, mas também pelos desafios de segurança que acompanharam sua entrada em serviço. Para realizar uma análise comparativa, é importante considerar o histórico de segurança da Boeing ao longo de várias décadas, focando em dois períodos distintos: antes da introdução dos modelos MAX (até 2017) e após sua entrada em serviço (de 2017 em diante).
Antes da introdução dos modelos MAX: Historicamente, a Boeing teve um registro comparativamente positivo de segurança, com taxas de acidentes consistentemente baixas em relação ao número de voos operados mundialmente. A série 737NG, por exemplo, teve um desempenho de segurança notável, com uma taxa de acidentes fatal reduzida ao longo de sua vida útil. Este período foi caracterizado por uma ênfase contínua na inovação de engenharia e na segurança de voo. Para os modelos 737 NG (que incluem as variantes -600, -700, -800 e -900), a taxa de acidentes fatais por milhão de voos foi de aproximadamente 0,07, com base em dados até dezembro de 2017. Isso significa que, para cada milhão de voos desses modelos, ocorreram, em média, 0,07 acidentes fatais. Até dezembro de 2023, foram entregues 7.108 aeronaves 737NG, encerrando sua produção comercial em 2019.
Após a introdução dos modelos MAX: A entrada dos modelos MAX no mercado foi rapidamente seguida por dois acidentes fatais, resultando no aterramento global da frota. A análise preliminar sugere um aumento na taxa de incidentes e acidentes graves envolvendo os modelos MAX em comparação com as gerações anteriores de aeronaves da Boeing. Este aumento é significativamente influenciado pelos acidentes fatais da Lion Air e da Ethiopian Airlines. Os modelos Boeing 737 MAX (que incluem as variantes 7, 8, 9, e 10) apresentaram uma taxa de acidentes fatais de 3,08 por milhão de voos, considerando apenas os voos até março de 2019, período anterior ao aterramento global da frota, o que evidenciou a necessidade de mudanças e melhorias para o modelo.
Esses dados ressaltam uma discrepância significativa nas taxas de acidentes fatais entre as duas famílias de aeronaves, com o 737 MAX exibindo uma taxa substancialmente mais alta no período antes das modificações de segurança implementadas após os acidentes.
A análise dos dados sugere que as mudanças na gestão da Boeing, especialmente a ênfase na redução de custos e na aceleração dos processos de certificação, podem ter contribuído para uma abordagem menos rigorosa em relação à segurança e ao design de aeronaves. A introdução apressada dos modelos MAX, sem a devida consideração dos riscos associados aos novos sistemas como o MCAS, destaca a complexa relação entre decisões gerenciais, práticas de certificação e segurança de voo.
Na próxima seção, investigaremos mais profundamente as causas desses acidentes e incidentes, analisando como as decisões de gestão influenciaram diretamente os processos de design e certificação de aeronaves.
Investigação das causas
A investigação sobre os acidentes envolvendo o Boeing 737 MAX, particularmente nos desastres com o voo 610 da Lion Air e o voo 302 da Ethiopian Airlines, revelou uma série de falhas sistêmicas tanto na concepção do avião quanto nos processos de certificação.
O papel do Sistema de Aumento das Características de Manobra (MCAS) foi central nos dois acidentes. Este sistema foi projetado para atuar automaticamente sob certas condições de voo para evitar um estol, ajustando o ângulo do nariz do avião para baixo. No entanto, o MCAS dependia de dados de apenas um sensor de ângulo de ataque (AoA), e falhas nesse sensor desencadearam a ativação incorreta do sistema, levando aos trágicos acidentes.
O National Transportation Safety Board (NTSB) dos EUA expressou preocupações com várias conclusões do relatório final sobre o acidente da Ethiopian Airlines, apontando, por exemplo, que problemas elétricos desde a produção da aeronave causaram a falha do sensor de AoA, levando à ativação errônea do MCAS. No entanto, o NTSB encontrou evidências de que a saída errônea do sensor de AoA foi causada por uma colisão com um objeto estranho, provavelmente um pássaro, e não por falhas elétricas como sugerido inicialmente.
Já a investigação realizada pelo Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara dos Deputados dos EUA sobre o 737 MAX abordou a responsabilidade sobre todos os aspectos da aviação civil, incluindo segurança e questões internacionais. A investigação buscou garantir responsabilização, transparência no processo de certificação e, acima de tudo, a segurança do público viajante. Este escrutínio sublinhou como as decisões de gestão e a pressão para competir com a Airbus levaram a Boeing a minimizar a importância do MCAS e a falhar na comunicação adequada de sua funcionalidade e riscos para as companhias aéreas e pilotos.
A pressão por redução de custos e a aceleração do processo de certificação, para competir mais efetivamente com o novo modelo da Airbus, desempenharam um papel crucial nas falhas que levaram aos acidentes. A estratégia de desenvolvimento do 737 MAX, incluindo a decisão de depender de um único sensor de AoA para o funcionamento do MCAS, reflete uma priorização perigosa da eficiência operacional e financeira sobre a segurança.
A subsequente crise do 737 MAX evidenciou uma falha profunda na cultura de segurança da Boeing e nos processos regulatórios da FAA, revelando a necessidade de revisões significativas nas práticas de desenvolvimento de aeronaves e supervisão regulatória. As investigações e análises apontam para a importância de um equilíbrio cuidadoso entre inovação, eficiência e a imperativa segurança dos passageiros no setor aeronáutico.
Reações e medidas adotadas pela Boeing
Após os acidentes fatais envolvendo o Boeing 737 MAX, a Boeing e a Federal Aviation Administration (FAA) tomaram várias medidas para abordar os problemas identificados e garantir a segurança da aeronave antes de seu retorno ao serviço.
A Boeing adotou uma abordagem multifacetada para responder aos acidentes e às críticas subsequentes. A empresa se comprometeu a melhorar a segurança de suas aeronaves, focando na revisão do sistema MCAS, no aprimoramento dos processos de treinamento de pilotos e na implementação de mudanças de design significativas na aeronave.
As principais mudanças implementadas pela Boeing no 737 MAX incluem:
Software MCAS: O sistema MCAS foi redesenhado para depender de leituras de dois sensores de ângulo de ataque (AoA) em vez de apenas um, reduzindo a probabilidade de ativação incorreta devido a dados de sensor defeituoso. O sistema agora também ativa apenas uma vez, em vez de múltiplas vezes, e foi adicionado um alarme de discrepância do ângulo de ataque como padrão.
Treinamento de pilotos: Foi validada uma proposta de treinamento adicional para pilotos operando o 737-MAX 8 e 737- MAX 9, que inclui revisão abrangente da documentação técnica e demonstração de conhecimento em um simulador de voo. Pilotos de mais de 80 companhias aéreas foram convidados a testar as melhorias.
Alterações físicas na aeronave: A Boeing se comprometeu a separar os feixes de cabos do 737 MAX, que foram sinalizados pelos reguladores como potencialmente perigosos, e inspecionar e remover detritos estranhos encontrados nos tanques de combustível de várias aeronaves ainda não entregues.
A eficácia das medidas adotadas pela Boeing e aprovadas pela FAA foi determinada por uma extensa revisão e testes regulatórios, resultando na aprovação para que o 737 MAX retomasse as operações. A inclusão de requisitos de treinamento adicionais e as mudanças de design visam abordar diretamente as causas raízes dos acidentes e melhorar a segurança operacional da aeronave.
A reintrodução do 737 MAX ao serviço comercial foi um processo meticuloso, envolvendo a cooperação entre a Boeing, as companhias aéreas e os reguladores globais. Essas ações refletem um esforço abrangente para restaurar a confiança do público e garantir a segurança contínua das aeronaves Boeing 737 MAX.
Perspectivas e recomendações
Especialistas e reguladores continuam atentos às práticas da Boeing e às modificações implementadas nos modelos 737 MAX. A recente ocorrência com um 737 MAX 9 da Alaska Airlines, que sofreu uma despressurização devido à saída de um painel da cabine, reacendeu preocupações sobre a segurança e a qualidade de fabricação da Boeing. A FAA reagiu aumentando a supervisão sobre a Boeing e suas práticas de produção, destacando que "o sistema atual não está funcionando" para garantir a segurança dos aviões. Esses incidentes sublinham a importância de uma cultura de segurança robusta e questionam se as correções e as supervisões atuais estão sendo suficientes para prevenir futuros incidentes.
A Importância da transparência e da responsabilidade corporativa
A recente série de incidentes destaca a necessidade crítica de transparência e responsabilidade dentro das organizações aeroespaciais. A Boeing e a FAA estão sob escrutínio contínuo da mídia, do público e dos reguladores, especialmente após o incidente na cabine de passageiros do 737 MAX 9 da Alaska Airlines e a subsequente ação da FAA de barrar a expansão da produção da Boeing até que as questões de qualidade sejam abordadas. Esses eventos reforçam a necessidade de uma comunicação aberta e honesta sobre os riscos, desafios e medidas tomadas para garantir a segurança aérea.
Incidentes recentes envolvendo a família MAX
Nos últimos meses, a família 737 MAX esteve no centro de vários incidentes que levantaram preocupações sobre a eficácia das medidas de segurança implementadas pela Boeing após os acidentes fatais de 2018 e 2019. Essas ocorrências incluem:
Desligamento de motor em voo: Um 737 MAX da Gol, precisou desviar para Porto Velho após os pilotos desligarem um dos motores em voo devido a uma falha ainda não especificada. Link para a matéria da Aeroin
Nova falha descoberta: A Boeing identificou uma nova falha no modelo 737 MAX, evidenciando que, apesar das revisões e melhorias anteriores, questões de segurança continuam emergindo. Link para a matéria do G1
Pouso de emergência nos EUA: Um Boeing 747-8 cargueiro fez um pouso de emergência nos Estados Unidos após um problema no motor, destacando preocupações contínuas com a confiabilidade do sistema de propulsão das aeronaves. Link para a matéria da CNN Brasil
Esses incidentes, ocorrendo globalmente, sugerem que, apesar das melhorias significativas realizadas pela Boeing, desafios relacionados à segurança e à qualidade de produção permanecem. A vigilância contínua e possíveis novas intervenções podem ser necessárias para garantir a segurança dos passageiros e dos tripulantes.
Considerações
A crise do 737 MAX ressalta a importância fundamental de uma gestão centrada na segurança dentro da indústria aeronáutica. A capacidade de uma organização de priorizar a segurança sobre considerações financeiras e operacionais é crucial para prevenir acidentes e proteger vidas. Além disso, este caso enfatiza a necessidade de transparência e responsabilidade, não apenas dentro das empresas, mas também nas interações com reguladores, fornecedores e o público.
As repercussões da crise do 737 MAX vão além da Boeing, afetando a percepção pública da aviação comercial e as práticas regulatórias globais. Este episódio serve como um lembrete crítico para toda a indústria de que a segurança deve ser a pedra angular em todas as etapas de operação das aeronaves. As lições aprendidas devem guiar futuras decisões de gestão, garantindo que a integridade e a segurança permaneçam como os valores mais elevados na aviação.
A jornada da Boeing para superar a crise do 737 MAX destaca a interconexão entre gestão corporativa, práticas de engenharia e a cultura de segurança. Enquanto a empresa busca restaurar sua reputação e a confiança em seus produtos, o setor aeroespacial, como um todo, é chamado a refletir sobre como garantir que a segurança permaneça como a prioridade máxima em um mundo cada vez mais orientado para a eficiência e a inovação.
Através de uma abordagem colaborativa entre fabricantes, reguladores, companhias aéreas e todas as outras partes interessadas, é possível avançar em direção a um futuro onde a segurança aeronáutica continua a evoluir, assegurando que os céus permaneçam seguros para todos que dependem da aviação.
Para esta análise, foram consultados diversas fontes, dentre elas:
Banco de dados de segurança de voo: Organizações como a Aviation Safety Network fornecem dados abrangentes sobre acidentes aéreos, incidentes graves e estatísticas de segurança, permitindo uma análise detalhada das taxas de incidentes antes e após a introdução dos modelos MAX.
Relatórios do governo: Documentos produzidos por agências reguladoras de aviação, como a FAA (Federal Aviation Administration) nos Estados Unidos e a EASA (European Union Aviation Safety Agency) na Europa, oferecem insights sobre a certificação de aeronaves e investigações de acidentes, revelando falhas no processo de certificação dos modelos MAX.
Estudos acadêmicos: Pesquisas publicadas em periódicos acadêmicos abordam questões de gestão de segurança, processos de certificação e a influência da cultura corporativa nas práticas de segurança. Esses estudos ajudam a entender as mudanças na gestão da Boeing e seu impacto na segurança das aeronaves e estão disponíveis no rodapé desta página.
Referências bibliográficas:
Aviation Safety Network (ASN): Fornece dados abrangentes sobre acidentes aéreos, incidentes graves e estatísticas de segurança. Aviation Safety Network
Federal Aviation Administration (FAA): Relatórios de investigação de acidentes e documentos de certificação de aeronaves. FAA
European Union Aviation Safety Agency (EASA): Publicações sobre segurança e certificação aeronáutica. EASA
Documentário "Downfall: The Case Against Boeing" na Netflix: Uma investigação sobre os acidentes do Boeing 737 MAX e as decisões da empresa.
Reuters: Forneceu informações sobre os incidentes recentes envolvendo o Boeing 737 MAX, incluindo o artigo "US FAA chief says 'current system is not working' on Boeing MAX 9 safety" e "Boeing's ongoing 737 MAX crisis". Reuters
Aeroin: Artigo sobre um incidente onde pilotos desligaram um motor de 737 MAX em voo e desviaram para Porto Velho.
G1: Reportagem sobre a descoberta de uma nova falha no modelo 737 MAX pela Boeing.
GaúchaZH: Duas reportagens sobre a suspensão das operações do Boeing 737 MAX 9 no Brasil após um voo com janela aberta.
CNN Brasil: Notícia sobre um Boeing de carga que fez um pouso de emergência nos EUA após um problema no motor.
Sobre o autor:
Antônio Lourenço Guimarães de Jesus Paiva
Diretor da Flylines
Graduado em Aviação Civil pela Universidade Anhembi Morumbi
Especialista em Planejamento e Gestão Aeroportuária pela Universidade Anhembi Morumbi
Especialista em Gestão de Marketing pela Universidade de São Paulo
Pós-graduando em Data Science e Analytics pela Universidade de São Paulo